No coração do semiárido piauiense, um nome carrega mais do que geografia: conta uma história de resistência, tradição e memória. Tanque do Piauí, município oficialmente criado em 1995, teve sua origem muito antes — nas margens da convivência com a seca e na criatividade de seu povo.
O ponto de partida dessa história está na antiga região da Costaneira, onde o morador João Marinho e os vizinhos construíram um pequeno reservatório de pedra para armazenar água das chuvas para o gado — uma estrutura conhecida popularmente como “tanque”. Na ausência de cimento, a construção era feita na base da força coletiva e da técnica rústica.
Mas a natureza surpreendeu. Uma grande chuva destruiu o que havia sido feito e, diante da cena, os moradores exclamaram:
“O tanque velho foi embora!”
O lugar passou a ser conhecido como Tanque Velho.
Anos depois, João Marinho se mudou para a região da Chapada, atual sede do município. Levando consigo o nome do antigo local — prática comum da época —, a nova comunidade passou a ser chamada simplesmente de Tanque.
Quando o povo buscou a emancipação política da localidade, em 14 de dezembro de 1995, houve um plebiscito para a escolha do nome oficial. Entre as opções Lindo Horizonte, Planaltina e Tanque, venceu o nome carregado de história e pertencimento: Tanque. Para se diferenciar de outros locais com o mesmo nome, foi acrescido o gentilício: Tanque do Piauí.
A segunda parte do nome também tem peso simbólico. “Piauí” vem do tupi-guarani e significa “rio das piabas” ou “rio dos piaus”, em homenagem à fauna aquática dos nossos rios.
Hoje, Tanque do Piauí é mais do que um município no mapa. É um símbolo de memória coletiva, de identidade cultural e da força de um povo que fez do passado uma bandeira para o futuro.